Ele se apaixonou por ela. Sabia que não teria chance alguma. Mas isso não importava.
A paixão dominara sua mente. Não tinha falado com ela ainda, mas jurava que sua voz era a mais bonita de todas. Nem ao menos se aproximado, estava a vendo ao longe mas era como estivesse ao seu lado.
- Senhor, vai beber alguma coisa?
O avião estava com pouca gente. A aeromoça muito educada repetiu mais uma vez para que ele voltasse de seu país de sonhos.
- Sim... café...
A aeromoça o serviu numa xícara branca com o logotipo da companhia aérea.
- Você sabe se aquela moça – apontou com o dedo o assento da mulher – está acompanhada?
A atendente não entendeu muito bem aonde tudo iria levar.
- Acredito que não, senhor. Ela entrou sozinha no avião.
- Está bem, obrigado.
Agradeceu como se agradece a qualquer outro favor. A poltrona ao lado de sua mais nova paixão estava vaga. Passou metade da viagem pensando se teria coragem de se sentar lá e conversar com ela. Acreditava que não era capaz daquilo. Passou então a outra parte da viagem se lamentando por sua covardia.
O avião pousou com tranqüilidade e já era noite. Observou a saída daquela moça... tentou acompanha-la, mas por infelicidade teve que pegar um outro ônibus para conduzi-lo ao saguão. E então a perdeu de vista.
Ele nunca mais a viu. Levou alguns meses para esquecê-la até que a esqueceu. E aí, surgiu outra, e outra, e outra. Com a mesma duração e a mesma intensidade. Todas irreais.