qualquer um(a)?

7.3.10 |

E ela ficou pensando um bom tempo. Ali, parada, de frente pra porta que fora fechada na sua cara. Tentou entender o que tinha acontecido: um pouco de álcool, um comentário ao pé do ouvido, sexo, um obrigado, mais sexo e o fim. Tinha passado o quê? Umas oito horas entre a tequila e àquele momento?

Telefone tocou e ela voltou à realidade. Correu até a sala, atendeu e descobriu que procuravam por qualquer um que ela não conhecia. Ela tinha corrido até a sala – corrido! – pra atender um qualquer-um que procurava por um qualquer-outro. Sentou no sofá e ficou olhando, agora, para o telefone. Ligariam de novo? Ele ligaria? Ele voltaria? Será que ela tinha sido tão fácil...? ele disse coisinhas tão bonitinhas... Tá! Admito, não sou novinha... mas, oh: botulina faz milagre, bem! Telefone tocou de novo. Alô. Não, não. O Hélio não mora aqui. Aliás, eu não sei quem é ele. Nada, nada. Tchau. Maldito telefone. Dor de cabeça! Não devia ter tomado nada... remédio não combina nem mais com uma dosesinha...?

Interfone do prédio tocara. Correu até a cozinha: seria ele?? Não, seu Genivaldo, não! Reunião de condomínio é um porre. Ficou ali, em pé: olhando para o interfone. Era bonito, todo alto e forte, e com cabelos cheirosos. Um sorriso apareceu em sua cara, e dali, ele se expandira e ganhara voz própria, em uma longa gargalhada... ela foi se contraindo, encostada na parede... escorregando até o chão, com uma gargalhada alta, alta... tão alta que encobrira o toque do telefone. Ao soar o bipe da caixa postal do outro lado da linha, ele desistiu de tentar se desculpar pela pressa ao sair.
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tanto tempo sem escrever nada...