À benemérita mais aclamada, nossa homenagem póstuma

24.10.08 |

Memoráveis foram os seus feitos dignos de homenagens mil, como a passeata em sua cidade natal, na qual o carro fúnebre levava vagarosamente o corpo de nossa saudosa colega. Eventos também ocorreram nessa grande metrópole, como o Sarau realizado na Sociedade de Cultura Artística de São Paulo, o qual foi elogiado exaustivamente pela crítica – e aqui não vem ao caso dizer se isso é bom ou ruim.

Sua eloqüência e capacidade de conquistar as pessoas foram os seus maiores instrumentos – excluindo, é claro, o seu poder político e econômico que ecoava além do Oiapoque - na construção e apoio a projetos e obras públicas. Quem não se lembra dela, em sua cidade-natal, cavando simbolicamente as fundações do hospital municipal, o qual contou com o apoio irrestrito de membros do legislativo – mediante pequena participação nos dividendos?? Ou cortando a fita inaugural da entrada do novo clube da terceira idade? Mas ela não era mulher de obras públicas apenas – e quanto a isso dizem muito bem as más línguas... Dera grandes ajudas em projetos que antes não saiam do papel, como aqueles voltados para a proteção ambiental: uma enorme área de proteção ambiental em plena Amazônia – tudo em seu nome, é claro! Ou aqueles envolvidos com a Segurança, que pela sua falta a tanto assusta os moradores das grandes metrópoles – como a reformulação do sistema de vigilância do seu condomínio, através de uma liminar reinvidicando o “direito a vida” num desses processos que começam não se sabe como e se julgam não se sabe o porquê. Porém, o que mais marcou a sua vida de lutas e vitórias foi a elaboração e construção de uma clínica de reabilitação de drogados em um sítio na grande São Paulo – e aqui, novamente, não convém dizer se a reabilitação visava acabar com o consumo ou incentivá-lo – o qual se tornou referência nacional (seja ela parâmetro ou não).

Todas as suas realizações são fruto da busca de melhores condições de vida para aqueles que mais sofrem – e a isso, talvez, justifique-se o seu nepotismo esclarecido e defendido. Tal preocupação (exemplar) deriva da educação e estrutura familiar que tinha em casa – seja na de campo, de praia... Filha de imigrantes sírios, comerciantes, sempre foi atenta as questões sociais e a falência das instituições do país, procurando saná-los sempre que possível – e a este quadro, deve-se a constante procura por melhores sistemas de previdência, saúde e segurança com fins hedonistas.

Seus amigos, sempre sorridentes quando próximos a ela – e por que será? – sempre a apoiaram nos seus projetos: aprovando e gastando. “Eram poucos, porém únicos!”, como diria nossa ilustre retratada, apesar disso, sempre presentes – nas festas, coquetéis e afins.

Sua morte se deu na madrugada do último sábado – e aposto que foi entre um bloco de programa televiso e outro – quando chovia calmamente na terra da garoa, em um hospital da zona sul da cidade, no qual se encontrava há quase três longos e tristes meses – tudo muito bem pago por um sistema único de saúde com fins privados.

Ela nos deixou devido ao inchaço do lóbulo frontal, resultando em morte cerebral (e dirão os dogmáticos que aí se extinguiria a personalidade civil do indivíduo...), cujo motivo ainda não foi descoberto pelos médicos, mas como apontava a Sra. Otaviana de Assunção, amiga íntima de nossa homenageada: “Era uma questão de tempo... estava muito abatidinha”. Sr. Alcides de Oliveira diz que além do tempo era uma questão de um número maior de pragas lançadas à hospitalizada.

Sua partida desse mundo – e quanto a isso, tenho minhas dúvidas – deixou o mundo menos colorido, porém mais vivo. Vivo por que ela continuará em nossas mentes – aterrorizando-nos em pensamentos e em testamentos... – e nas obras e projetos que deixou.

Dona Alzira da Costa Ferraz de Albuquerque deixou um passado de glórias e um futuro de saudades... cabe a nós a gratidão pelas participações, críticas e elogios – mesmo que sejam muito mais críticas do que elogios.
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D. Alzira não doou seus órgãos por questões técnicas (???). E dizem por aí, que suas últimas palavras teriam sido “Mas vaso ruim não quebra, senador!”, mas eu acredito que sejam as más línguas... afinal, o vaso em questão se quebrou – e daí, concluímos que ou o vaso era mesmo bom ou que o ditado ta é muito errado nesse país-do-avesso.